Instituto Pensar - Mais de 70 mil pessoas morreram de Covid-19 sem acesso a leitos de UTI

Mais de 70 mil pessoas morreram de Covid-19 sem acesso a leitos de UTI

por: Eduardo Pinheiro 


Macas no corredor do Hospital Santa Clara ? Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

Desde o início da pandemia, há um ano, ao menos 72.264 pessoas no Brasil morreram por Covid-19 sem ter acesso a um leito de UTI mesmo tendo sido internadas, afirma reportagem da Folha de S. Paulo. O número corresponde a mais de 1/4 dos quase 280 mil mortos pela doença, que sequer tiveram acesso a tratamentos intensivos. Os dados são do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) e fazem parte de um levantamento da Fiocruz realizado a pedido do jornal.

Como em 22.712 (10%) dos casos hospitalizados não há informação de quem teve acesso a leitos de UTI, o número de sem-leito pode ser ainda maior. Em 124.064 (57%) casos, a morte ocorreu em Unidades de Terapia Intensiva. Especialistas afirmam que as mortes fora de leitos de UTI acontecem principalmente pela falta de acesso da população, seja pela falta de vaga, seja pela dificuldade de chegar até um leito.

Os números refletem o colapso do sistema hospitalar em diversas regiões do país, apesar da tentativa do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de negar a gravidade da crise sanitária. De acordo com o general, que segue linha negacionista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o sistema de saúde ?não colapsou nem vai colapsar?.

Para Fátima Marinho, médica epidemiologista e especialista sênior da Vital Strategies, muitas dessas mortes poderiam ser evitadas, caso o sistema de saúde estivesse preparado para oferecer assistência adequada e no tempo certo.

"Sabemos que o aumento da mortalidade está relacionado com a severidade da doença, mas também com falta de assistência. Casos graves, bem assistidos, podem ser curados.?

Pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz, Diego Xavier alerta também que números devem disparar nas próximas semanas pela falta de vagas de UTI com o avanço da crise.

UTIs lotadas

A falta de vagas no sistema público de saúde tem provocado filas de pessoas à espera por UTI. Levantamento da Folha junto às secretarias de saúde mostra que há ao menos 1.538 pessoas nessa condição em 13 unidades da federação. Santa Catarina (419), Goiás (291) e Distrito Federal (224) lideravam a lista até a última quinta-feira (11).

Sem leitos em seus estados, alguns governadores têm procurado outras unidades da federação. Amazonas, Rondônia e Santa Catarina são alguns que transportaram pacientes para serem atendidos em outros estados, totalizando, os três, 620 transferências.

No país, nem a judicialização tem resultado na garantia de vagas por leitos UTI. Vários estados têm encontrado dificuldade para cumprir prazos determinados pela Justiça.

"Às vezes vêm a decisão judicial para cumprir, mas como que vai fazer se não tem leito? Nós temos que perguntar ao Poder Judiciário quem vamos tirar para colocar esse paciente, mas esse comando nunca vem?, afirmou Gustavo Rocha, secretário da Casa Civil do governo do Distrito Federal.

Com informações da Folha de S. Paulo




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